31 de dez. de 2016

Resenha: Esquadrão Rogue - Michael A. Stackpole

Título: Esquadrão Rogue
Original: Rogue Squadron
Série: X-Wing #1
Autor: Michael A. Stackpole
Páginas: 352
Editora: Aleph (novembro de 2016)

Sinopse: Dois anos e meio depois dos acontecimentos de O Retorno de Jedi, resquícios das forças imperiais, isoladas mas ainda poderosas, se espalham pela galáxia. Esses postos avançados ameaçam a paz ao tentar derrubar a Nova República e restabelecer uma tirania violenta e opressora do lado sombrio. Para combatê-los, surge uma nova geração de pilotos de X-wing. Seguindo os passos da equipe que destruiu a Estrela da Morte, os novos pilotos encaram um desafio ainda mais perigoso e desafiador que o de seus predecessores. Mas seu líder, o lendário piloto Wedge Antilles, sabe a dura verdade: mesmo sendo o melhor esquadrão da galáxia, as missões que os Rogues enfrentarão são praticamente suicidas. Em uma das melhores aventuras de STAR WARS, que inspirou games e quadrinhos estrelados pelo esquadrão, Michael A. Stackpole presenteia o leitor com conflitos pessoais, tramas políticas e batalhas espaciais impressionantes.

Star Wars é algo bem recente para mim, tanto é que fui COMEÇAR a assistir aos filmes nesse ano de 2016, e só a partir daí é que me atualizei com o episódio VII e Rogue One na semana passada.

Como não poderia ser diferente, viciei. E a vontade de ler algo do universo expandido aumentou, portanto decidi começar a ler Esquadrão Rogue, lançamento mais recente da editora Aleph.

Quase 3 anos após a destruição da segunda Estrela da Morte e das mortes de Darth Vader e do Imperador Palpatine, o enfraquecimento do Império é perceptível. Ao mesmo tempo, forças imperiais ainda existem e planejam mais contra-ataques para tirar a Nova República do poder.

"Inevitáveis como os impostos e lentos como a burocracia, eles vieram."

E é nessa hora que uma nova geração de pilotos de X-wing começa a ser treinada por nada mais nada menos que Wedge Antilles, sobrevivente das duas corridas contra as temidas Estrelas da Morte.

Biggs, Luke, Wedge e Wes

Acompanharemos principalmente a vida do tenente corelliano Corran Horn, que acaba se mostrando um excelente piloto, mas sem conseguir deixar para trás o seu passado meio obscuro. A princípio sua relação com os demais pilotos não é das melhores, mas os laços irão se estreitar um pouco ao longo das 352 páginas de Esquadrão Rogue, que passam voando, já adianto aos leitores.

Alguns dos capítulos do livro são dedicados à missões de treinamento, onde todos precisam aprender (na marra) o que significa fazer parte do esquadrão e qual o seu lugar dentro dele. Sacrificar-se para que o companheiro sobreviva é uma atitude nobre, mas o comandante Antilles não quer que nenhum piloto tenha o mesmo destino dos seus amigos durante as batalhas anteriores.

Para aqueles que acreditavam que somente os melhores pilotos podiam ingressar no Esquadrão, ledo engano. A politicagem também vai rolar solta quando membros de diversos planetas são indicados em troca de favores. O Esquadrão Rogue deixou de ser apenas mais uma unidade no meio de tantas outras e agora é um símbolo poderoso e implacável da luta dos rebeldes contra o Império.

 
"Wedge, você é o melhor que nós temos. Isso pode não impressionar você, mas tem um monte de pilotos do Império lá fora que perdem parte do sono à noite porque têm pesadelos com você na cola deles."

Além de seguirmos os pontos de vista dos pilotos Wedge Antilles e Corran Horn, também temos a visão do outro lado. Kirtan Loor, agente da inteligência imperial, é o encarregado pela agora diretora imperial Ysanne Isard de dar cabo do Esquadrão Rogue e acabar com essa ameaça, deixando assim o caminho livre para o Império reconquistar a galáxia. Foi esclarecedor ter esse outro ponto de vista, ainda mais que Kirtan não é um personagem detestável e tem suas qualidades.

Aos leitores preocupados com uma possível linguagem técnica durante as missões e treinamentos, podem ficar tranquilos: o vocabulário usado por Stackpole é simples e fácil de se pegar após alguns capítulos, sem contar que a tradução de Alex Mandarino ficou muito boa. A leitura flui tão suavemente que, quando percebi, já estava terminando essa obra ímpar e empolgante.

As lutas entre os X-wings e os TIE Fighters são de arrepiar, adrenalina pura!

Fica aí a recomendação desse baita livro, tenho certeza que os fãs de Star Wars irão curtir muito! Se você quiser se sentir um Luke Skywalker da vida destruindo a Estrela da Morte, é tiro certeiro.

Avaliação final:

X-Wing:

Livro 1 - Esquadrão Rogue
Livro 2 - Wedge's Gamble
Livro 3 - The Krytos Trap
Livro 4 - The Bacta War
...

26 de dez. de 2016

Resenha: Duna - Frank Herbert

Título: Duna
Original: Dune
Série: Crônicas de Duna/Dune #1
Autor: Frank Herbert
Páginas: 680
Editora: Aleph (abril de 2017, relançamento)
Compre na Amazon

Sinopse: A vida do jovem Paul Atreides está prestes a mudar radicalmente. Após a visita de uma mulher misteriosa, ele é obrigado a deixar seu planeta natal para sobreviver ao ambiente árido e severo de Arrakis, o Planeta Deserto. Envolvido numa intrincada teia política e religiosa, Paul divide-se entre as obrigações de herdeiro e seu treinamento nas doutrinas secretas de uma antiga irmandade, que vê nele a esperança de realização de um plano urdido há séculos. Ecos de profecias ancestrais também o cercam entre os nativos de Arrakis. Seria ele o eleito que tornaria viáveis seus sonhos e planos ocultos? 

Nada como voltar à vida de blogueiro depois de 8 meses de intercâmbio na Irlanda como estudante e 2 meses mochilando pela Europa toda. Foi sensacional, um sonho realizado junto da minha namorada, e agora estou de volta para alegrar a vida dos leitores fanáticos do Desbravando Livros!

Para fechar o ano com chave de ouro, escolhi fazer uma resenha de Duna, clássico de ficção científica/fantasia do Frank Herbert. Tenho certeza que vocês ficarão com muita vontade de ler!

Quando uma teia de conspirações atinge a família Atreides, todos ao redor são afetados. Após mudarem-se para Arrakis, o planeta-deserto, por decisão imperial, os Atreides sofrem um poderoso golpe e são obrigados a fugir para salvar suas vidas, sem antes sofrer pela morte de um dos seus. É nessa hora que Paul Atreides, o protagonista dessa história, descobre que faz parte de um plano milenar organizado pelas Bene Gesserit, uma antiga irmandade da qual sua mãe Jessica faz parte.

Sinal de verme, por LukeOram

Ao acompanharmos o destino de Paul, o planeta Arrakis e sua paisagem árida começam a tomar forma diante dos nossos olhos. Ao mesmo tempo em que sofre de escassez de recursos naturais, o Planeta Deserto é o único fornecedor de mélange, a especiaria mais desejada do universo.

Prepare-se também para dar de cara com os temidos vermes-de-areia, criaturas gigantescas que fazem parte de Duna e serão importantes no decorrer da trama. Fique de olhos bem abertos.

Além de focar bastante na forma de utilização e aproveitamento dos recursos naturais, durante a leitura nos damos conta de que a religião é um fator imprescindível para o avanço da trama.

E quando religião e política se encontram, é treta na certa. Dá para perceber logo de cara lendo-se as epígrafes de cada capítulo, onde acontecimentos futuros são apresentados e já vamos tendo uma breve noção de onde a obra vai parar. Eu confesso que até tinha achado isso bem estranho no começo, mas o autor parece que vai levando o leitor de ponto a ponto na narrativa de uma maneira tão perfeita e concisa que a gente nem se incomoda muito com esses "spoilers" repentinos. 

 

A narrativa é muito boa, bem cadenciada, com momentos onde temos visões do futuro que está por vir e mesmo assim queremos saber exatamente como as coisas se desenrolam para chegarmos naquele ponto. É como se o autor chegasse pra ti e dissesse: “Olha só, isso aqui vai acontecer em breve, bem desse jeito, mas espera só um pouquinho, senta ali no sofá que eu vou te contar a história por trás de tudo isso, você vai gostar”. É algo bem dinâmico e que eu curti bastante.

Em Arrakis também vive o povo fremen, do qual que eu pretendo falar mais nas resenhas seguintes. Só saibam que eles acolham Paul e criam uma relação estreita com a família Atreides. Passando um pouco para o lado rival dos Atreides, temos os Harkonnen. Preparem-se para uma boa dose de raiva e "tramas por trás de tramas" no meio dos conflitos entre eles.

Duna é, sem sombra de dúvidas, um livro que parece manter-se firme ao longo dos tempos. No decorrer das suas quase 600 páginas, pareceu-me que o livro não havia sido escrito no século passado, e sim alguns anos atrás, até mesmo hoje, tal é a maneira com que são abordados alguns dos assuntos atuais e de problemática mundial (escassez de recursos naturas, religião e política).

Bene Gesserit e Guilda Espacial em reunião, por Ville Ericsson

Toda a cultura do povo fremen, o incrível e perigoso planeta de Arrakis, as intrigas políticas de cada capítulo, tudo foi muito bem desenvolvido e deixa o leitor com vontade de saber o que acontecerá nas páginas seguintes. Com certeza lerei os próximos livros da série Duna!

Avaliação final:

Duna:

Livro 1 - Duna
Livro 2 - O Messias de Duna
Livro 3 - Os Filhos de Duna
Livro 4 - O Imperador-Deus de Duna
Livro 5 - Os Hereges de Duna
Livro 6 - As Herdeiras de Duna
...

1 de set. de 2016

Resenha: Rebelde - Bernard Cornwell


Título: Rebelde
Original: Rebel
Série: As Crônicas de Starbuck/Starbuck Chronicles #1
Autor: Bernard Cornwell
Páginas: 392
Editora: Record (novembro de 2014)

Sinopse: Durante o verão de 1861, os exércitos do norte e do sul dos Estados Unidos se preparam para travar o que entraria para a história como a Guerra de Secessão. Rebelde é a fantástica história de como o jovem nortista Nathaniel Starbuck se rebela e luta a favor dos sulistas. Abandonado pela mulher que julgava amá-lo e afastado da família, Nathaniel chega a Richmond, na Virgínia, capital da Confederação sulista. Lá, depara-se com uma turba acossando nortistas e tenta não se envolver. Porém, quando percebe que seu sobrenome é capaz de gerar uma fúria ainda maior pois é filho do reverendo Elial Starbuck, grande defensor de ideias antiescravagistas , é resgatado por Washington Faulconer, um milionário excêntrico que deseja reunir uma companhia de elite para lutar contra os ianques. Como forma de gratidão, Nathaniel se alista na Legião Faulconer, mesmo sabendo que isso significa ter de lutar contra o próprio povo. Outros cidadãos enfrentam dilemas semelhantes, no entanto, em pouco tempo, todos se renderão ao caos e à violência que dividiu a América em duas.

Só pra variar um pouquinho, mais uma resenha do autor Bernard Cornwell aqui no blog. Esse é o 21º (!) livro do autor que eu desbravo e simplesmente não consigo parar. Minha meta é ler todos os livros do mestre até morrer, então tenho um bom tempo e muitas histórias ótimas pela frente.

A bola da vez foi Rebelde, primeiro livro d'As Crônicas de Starbuck, lançado no finalzinho de 2014 aqui no Brasil pelo Grupo Editorial Record. Logo no primeiro capítulos somos apresentados a Nathaniel Starbuck, o protagonista dessa história sangrenta que dividiu os Estados Unidos em dois.


Em 1861, quando vários estados escravagistas do Sul declararam secessão e formaram os "Estados Confederados da América", ou "Confederação, fazendo oposição aos demais estados, que ficaram conhecidos como "União" ou "Norte", ninguém imaginaria que o conflito ficaria conhecido como um dos mais sangrentos da História. A Guerra de Secessão, como foi chamada, durou quatro anos, até 1865, e deixou mais de 600 mil mortos em seu rastro. É no meio desse fuzuê todo que Nathaniel Starbuck se encontra e teremos a história narrada pelo seu ponto de vista, em terceira pessoa.

O estopim de tudo foi a tomada do Forte Sumter em abril de 1861, na Carolina do Sul, pelas forças armadas da Confederação. O que parecia apenas uma crise no início do governo do então presidente republicano Abraham Lincoln acabava de se transformar em uma temida guerra civil.

Após ter largado os estudos para seguir uma jovem e ver essa mesma o abandonar, Nathaniel, um nortista nascido em Boston, filho do famoso reverendo Elial Starbuck, chega até a cidade de Richmond, na Virgínia (estado sulista), à procura de Adam, seu amigo de infância e filho do coronel Washington Faulconer. Ao chegar em Richmond, é rapidamente identificado como um nortista e encurralado pelos civis, só sendo poupado quando o próprio Washington aparece.

Nesse primeiro capítulo já podemos ter uma amostra do clima de tensão existente entre os estados americanos. Uma mistura perigosa de xenofobia e ódio crescentes, muito próxima de explodir.

"Como poderia haver uma guerra nessa terra boa? Esses eram os Estados Unidos da América, o apogeu da luta do homem por um governo perfeito e uma sociedade temente a Deus, e os únicos inimigos jamais vistos nessa terra feliz foram os ingleses e os índios, e esses dois inimigos, graças à providência divina e à força americana, haviam sido derrotados."

Voltando ao que interessa, descobrimos que o coronel Washington Faulconer está montando uma legião para lutar na guerra, e Starbuck acaba sendo inevitalmente recrutado para a mesma, onde começa a trabalhar para o dono da Faulconer Court House, condado da Virgínia.

É só a partir daí que a história começa a andar num ritmo mais rápido, com personagens novos sendo apresentados, como Anna Faulconer, filha do coronel, e Ethan Ridley, seu prometido. Sally e Thomas Trusllow, outros dois personagens, também terão papéis importantes na vida de Nathaniel. Preste atenção neles. Outros também poderia ser mencionados, mas farei isso mais adiante.

Ao contrário dos outros personagens principais de Bernard Cornwell, como Uhtred, Derfel e Richard Sharpe, Nathaniel Starbuck não é um daqueles protagonistas que começamos a gostar desde as primeiras páginas. Remoído pelo seu passado e atormentado por pesadelos, Starbuck tem receio em cometer pecados que possam afrontar o seu Deus, e isso é algo bem recorrente em todos os capítulos desse primeiro livro da série, onde ele deixa de tomar certas atitudes que lhe parecem corretas num primeiro momento por causa do seu temor religioso e uma possível punição divina.

Sem contar que ele, como nortista lutando pelo Sul, estará enfrentando pessoas do seu "país".

A trama toda vai se construindo de uma maneira regular e sem pressa, chegando ao seu ápice na Batalha de Manassas, próxima ao riacho Bull Run, onde os exércitos Confederados e da União se encontrarão para um primeiro embate sangrento. Torcemos por alguns personagens e aguardamos ansiosamente pela morte de outros, um misto de empatia e até mesmo admiração por aqueles que fizeram parte de um momento histórico, não só para a formação de um país, mas para o mundo.


É possível sentir o cheiro da pólvora que fica no ar após os tiros de canhão e disparos das pistolas, a agonia de soldados feridos tentando se agarrar ao último resquício de vida. Bernard Cornwell é um mestre em fazer isso e aqui também podemos perceber a sua habilidade em narrar batalhas, mesmo que eu, pessoalmente, prefira a boa e velha luta de guerreiros com espadas e escudos.

"Se você cresce no campo, vive ouvindo falar do circo. Todas as maravilhas do circo. Os shows de aberrações e os números com animais, incluindo o elefante, e todas as crianças ficam perguntando o que é o elefante, mas você não consegue explicar, até que um dia leva seus filhos e eles veem. A primeira batalha de um homem é assim. Igual a ver o elefante. Alguns homens mijam na calça, alguns correm feito o diabo, alguns fazem o inimigo fugir."

Confesso até que, num primeiro momento, nem me interessava muito pela Guerra de Secessão, visto que na escola é um assunto debatido muito rapidamente e sem o aprofundamento necessário, mas agora, com outra visão, quero entender mais sobre como essa guerra afetou toda a nação norte-americana. Afinal, temos a oportunidade de ler um período desses na escrita de B. Cornwell.

Rebelde foi uma leitura bem aguardável, mas guardarei a 5ª estrelinha para os próximos livros, que pretendo desbravar no próximo ano. Traidor ainda precisa ser comprado e os seguintes lançados aqui no Brasil, mas quem sabe eu não parto para a leitura deles em inglês mesmo? Só o tempo dirá!

Avaliação final:

As Crônicas de Starbuck:

Livro 1 - Rebelde
Livro 2 - Traidor
Livro 3 - Battle Flag (previsão de lançamento no Brasil para 2017)
Livro 4 - The Bloody Ground

2 de jul. de 2016

Resenha: Firefight - Brandon Sanderson

Título: Firefight
Original: Firefight
Série: The Reckoners #2
Autor: Brandon Sanderson
Páginas: 432
Editora: Delacorte Press (2015)

Sinopse: They told David it was impossible—that even the Reckoners had never killed a High Epic. Yet, Steelheart—invincible, immortal, unconquerable—is dead. And he died by David’s hand. Eliminating Steelheart was supposed to make life more simple. Instead, it only made David realize he has questions. Big ones. And there’s no one in Newcago who can give him the answers he needs. Babylon Restored, the old borough of Manhattan, has possibilities, though. Ruled by the mysterious High Epic, Regalia, David is sure Babylon Restored will lead him to what he needs to find. And while entering another city oppressed by a High Epic despot is a gamble, David’s willing to risk it. Because killing Steelheart left a hole in David’s heart. A hole where his thirst for vengeance once lived. Somehow, he filled that hole with another Epic—Firefight. And he’s willing to go on a quest darker, and more dangerous even, than the fight against Steelheart to find her, and to get his answers.

Essa resenha contém spoilers do livro anterior.

Quando li Steelheart, lá em 2014, lembro que havia gostado muito da história e do ritmo da narrativa que o Sanderson havia utilizado, com muita ação e capítulos curtos, tornando a leitura muito agradável, ainda mais para quem estava apenas começando a ler em outra língua, no meu caso, em inglês. Acabei enrolando a leitura de Firefight por anos, mas dessa vez não consegui escapar, as recomendações dos amigos pesaram (leia a resenha de Firefight no INtocados) e eu precisava urgentemente tirar o meu atraso com essa trilogia. Portanto, sem folga, mãos à obra!

Steelheart finalmente está morto. A mente tirana que comandava Newcago não era invencível, como David Charleston provou, e agora a cidade está livre do seu domínio. Mas nem tudo é um mar de rosas para o nosso protagonista, que viu, de uma hora para outra, sua sede por vingança acabar e lhe tirar um dos propósitos de viver. O que fazer agora que o assassino de seu pai está morto? Para onde seguir? Esses são alguns dos questionamentos que podemos perceber nesse segundo livro.

 

As respostas para as perguntas de David parece estar longe de Newcago, e essa é uma boa desculpa para conhecermos Babylon (antiga New York), uma cidade controlada pela High Epic Regalia, que inundou toda a região com seus poderes e deixou a cidade embaixo d'água, tudo para melhor aproveitar os seus poderes aquáticos e estabelecer o seu domínio sem ser realmente ameaçada.

E é lá que David procurará Megan Tarash, ou melhor falando, Firefight, em busca de respostas.

"We want what we can’t have, even when we have no right to demand it."

Aliás, as conversas entre os dois são um dos pontos fortes desse livro. Sempre munidas de uma alta carga emocional, conseguimos ter uma noção do porquê de Megan ter se infiltrado nos Reckoners a mando de Steelheart, além do que ela andou fazendo em Babylon após a morte de Steelheart.

Por sinal, a cidade de Babylon e seus habitantes podem ser considerados um personagem à parte por si só. Toda iluminada por grafites que brilham à noite e frutas exóticas que a princípio parecem não ser nada de mais, mas têm um papel importante na trama. Sem contar que ali alguns Epics misturam-se tranquilamente à multidão, até mesmo participando de festas e eventos locais.

Também somos apresentados a outro time dos Reckoners, esse atuante somente em Babylon e com membros de características bem peculiares, que vamos conhecendo aos poucos, à medida que David vai interagindo com cada um deles e se familiarizando com o novo ambiente de trabalho.


Firefight foca BASTANTE na relação entre os Epics e suas aparentes fraquezas, os motivos por trás disso e como o passado dos vilões afeta o presente. Percebe-se um cuidado do Sanderson em tentar manter os mistérios pelo maior tempo possível e só revelá-los em momentos-chave da narrativa.

Ah, as metáforas de David continuam aparecendo com frequência e rendendo algumas boas risadas.

I needed to say something. Something romantic! Something to sweep her off her feet. "You're like a potato!" I shouted after her. "In a minefield.”

E quanto a Jonathan Phaedrus, o famoso Prof, líder dos Reckoners? Preparem-se para ver muito dele nesse livro, ainda mais agora que sabemos que ele é um Epic e terá que lidar com o crescente uso dos seus poderes e as prováveis implicações por trás disso. Poderia um Epic usar seus poderes e continuar sendo bom? E de onde vem a fonte desses poderes? O que raios é aquele ponto vermelho no céu que todos chamam de Calamity, o fenômeno que iniciou toda essa era de super-vilões?

O que me aguarda em Calamity, 3º livro da série? Só o tempo dirá, mal posso esperar pra descobrir!

Avaliação final:

The Reckoners:

Livro 1 - Steelheart
Livro 1.5 - Mitosis
Livro 2 - Firefight
Livro 3 - Calamity

11 de jun. de 2016

Campanha: #EspalheFantasia!


Não é recomendado apenas desbravar fantasia e seguir adiante. É necessário divulgar sempre as séries que a gente ama e fazer com que mais pessoas descubram esse maravilhoso gênero literário.

Foi pensando nisso que resolvemos criar a campanha #EspalheFantasia, uma iniciativa de vários blogs literários e leitores fanáticos. A ideia? Recomendar 5 séries do gênero fantasia já publicadas (ou em andamento) no Brasil e explicar o porquê dessas escolhas. Portanto, vamos ao que interessa:



As Crônicas de Gelo e Fogo, do autor George R. R. Martin, merece estar na lista pelo simples fato de ser a saga mais comentada e badalada dos últimos anos. Com o surgimento e avanço do seriado Game of Thrones, ler a obra de Martin é tarefa obrigatória!

Mistborn, do autor Brandon Sanderson, possui um dos sistemas de magia mais legais que conheço e, ao mesmo tempo, traz lições valiosas para a humanidade quando tudo parece perdido.

Discworld, do autor Terry Pratchett, é uma série que merecia ter MUITO mais atenção do público brasileiro. Que autor melhor que Pratchett para tratar de religião, política e demais temas controversos com uma dose de humor sem fim? Altas risadas com essa saga!

A Primeira Lei, do autor Joe Abercrombie, traz tudo aquilo que uma fantasia épica precisa: grandes batalhas, worldbuilding de primeira e personagens carismáticos. Personagens esses que são capaz de cometer erros medonhos, já adianto.

Nobres Vigaristas, do autor Scott Lynch, é o que há de mais engraçado no momento. Já pensou em torcer para um bando de ladrões e se sentir um deles? Ser um Nobre Vigarista é sinônimo de honra!

Essas cinco séries citadas acima são as que eu mais recomendo no gênero fantasia atualmente, pois tratam de temas diversos e são bem diferentes entre si, todas com suas características bem peculiares e que fazem os desbravadores amarem e odiarem seus personagens a cada página virada.

Outras séries internacionais que também mereciam estar na lista:
A Crônica do Matador do Rei - Patrick Rothfuss
A Roda do Tempo - Robert Jordan
A Sombra do Corvo - Anthony Ryan
Ciclo das Trevas - Peter V. Brett
Deltora Quest - Emily Rodda
Duna - Frank Herbert
Harry Potter - J.K. Rowling
O Senhor dos Anéis - J.R.R. Tolkien
Revelações de Riyria - Michael J. Sullivan

Séries de autores brasileiros que merecem o seu carinho e atenção:
Alvores - Lauro Kociuba
Chamas do Império - Diego Guerra
Galeria Creta - Jana P. Bianchi
Maretenebrae - L.P. Faustini
Reinos Eternos - J.M. Beraldo

Enfim, espero que, após todas essas recomendações e dicas de leitura, todos os desbravadores que acompanham o blog já estejam abrindo a carteira e gastando todo o seu dinheiro amado em livros de fantasia. É algo que vocês com certeza não se arrependerão! Esse gênero é simplesmente fenomenal, a quantidade de histórias bacanas disponíveis por aí é gigantesca, e todas elas têm aquela pitada de realidade que com certeza nos farão pensar melhor a respeito do que acontece no nosso cotidiano. Desbrave, meu caro amigo, e não se esqueça: #espalhefantasia.

5 de jun. de 2016

Resenha: A Cor da Magia - Terry Pratchett

Título: A Cor da Magia
Original: The Colour of Magic
Série: Discworld #1
Autor: Terry Pratchett
Páginas: 231
Editora: Conrad (2001)

Sinopse: A Cor da Magia é o 1º livro da cultuada série Discworld. A história relata as aventuras do mago Rincewind e do estranho turista Duasflor, tudo com muito bom humor. Nessa aventura, os personagens praticamente fazem um tour pelo disco, o que os leva a encontrar um grande herói, um terrível demônio e dragões, além de se aproximarem perigosamente da borda do mundo.

Depois de ter lido Guardas! Guardas! e Pequenos Deuses no ano passado, livros #8 e #13 de Discworld, finalmente resolvi ler A Cor da Magia, o famoso livro #1 da série. Pra quem ainda não sabe, Discworld é uma saga com mais de 40 livros, sendo que eles são divididos entre vários "ciclos" diferentes, portanto a ordem de leitura é totalmente misturada, dando ao leitor a opção de escolher o núcleo que mais o agrada e começar por ali a sua interminável aventura pelo Disco.

Tudo está normal na cidade de Ankh-Morpork até a chegada de um estranho turista do Império. É a partir desse momento que todos os fatos começam a se desenrolar e temos uma quantidade infinita de coisas acontecendo ao mesmo tempo. Pessoas querendo se aproveitar do estrangeiro, teorias conspiratórias tomando forma e assassinos sendo contratados. E nesse baile todo nos deparamos com a figura do mago (?) Rincewind, que fora expulso da Universidade Invisível sem nunca ter conseguido realizar um mísero feitiço, mas que ainda assim teve um deles "aprisionado" na sua mente após tentar roubar um livro sagrado. Que feitiço seria esse? Ninguém tem a menor ideia.


Acompanhado da destemida Bagagem, uma mala com vida própria, o turista DuasFlor parece ser um personagem bem ingênuo, como todo viajante de 1ª vez também parece, mas aos poucos vamos percebendo que ele não é tão bobo assim e acaba se tornando uma grata surpresa nesse livro inicial de Discworld, livrando-se de confusões, vendo o mundo como uma grande aventura e trazendo discussões bem pertinentes a respeito das relações entre povos e culturas bem diferentes.

O trio formado pelo "guia" Rincewind, DuasFlor e a Bagagem (sim, ela é definitivamente uma grande personagem dessa história) é o dono das atenções nesse primeiro volume. Fique de olho neles enquanto viajam pela cidade de Ankh-Morpork, por Wyrmberg e pelo perigoso Reino do Krull.

"— NÃO VAI DOER — garantiu Morte. Se palavras tivessem peso, uma única frase de Morte seria capaz de ancorar um navio."

Morte é um personagem à parte e falarei mais sobre Ele numa resenha futura do 4º livro da série.

Também percebemos que os deuses têm um papel importante em Discworld, fazendo um jogo de marionetes com os personagens que acompanhamos e muitas vezes brincando com o Destino (duplo sentido pra quem já leu) ao mexerem as peças do tabuleiro conforme as suas vontades.

Narrado em 3ª pessoa, A Cor da Magia é a obra de Disworld que mais nos insere no mundo em si, trazendo detalhes valiosos no que se refere ao worldbuilding, principalmente se comparar a Pequenos Deuses e Guardas! Guardas!, que são bem focados em regiões específicas do Disco. Confesso até que em algumas horas eu me sentia rapidamente perdido com tanta informação "nova" sendo jogada, mas a escrita leve do Terry Pratchett logo resolve tudo e é hora de seguir o baile.

"Era muito bom sair falando em coerência, na harmonia dos números e na lógica que governava o universo, mas a questão pura e simples era que o Discworld atravessava o espaço na casca de uma tartaruga gigante e que os deuses tinham o hábito de aparecer na casa dos ateus quebrando as janelas."

Se você está à procura de um livro com worldbuilding muito bem estruturado, brigas de taverna, cidades sendo incendiadas, criaturas extremamente poderosas e que habitam covis sombrios, dragões em seu habitat natural (e fora dele também), além de uma viagem até a famosa Borda do Mundo, onde é possível ter vislumbres da Grande A'Tuin, a tartaruga que move o Disco pelo espaço enquanto carrega quatro elefantes gigantes no seu caso, então A Cor da Magia é um bom começo.

Discworld é muito mais que diversão garantida, é uma mistura de tudo que a fantasia tem a oferecer e tudo que a zuera pode alcançar. Terry Pratchett era mestre demais em fazer isso! haha

Avaliação:

Discworld:

Livro 1 - A Cor da Magia
Livro 2 - A Luz Fantástica
Livro 3 - Direitos Iguais, Rituais Iguais
Livro 4 - O Aprendiz de Morte
Livro 5 - O Oitavo Mago
Livro 6 - Estranhas Irmãs
Livro 7 - Pirâmides
Livro 9 - Fausto Eric
Livro 10 - A Magia de Holy Wood
Livro 11 - O Senhor da Foice
Livro 12 - Quando as Bruxas Viajam
Livro 13 - Pequenos Deuses
Livro 14 - Lords and Ladies
Livro 15 - Men at Arms
...

26 de mai. de 2016

Resenha: Sombras - Jana P. Bianchi

Título: Sombras
Série: A Galeria Creta
Autora: Jana P. Bianchi
Páginas: 50
Editora: Independente (maio de 2016)

Sinopse: Um lobisomem pressente quando vai morrer. Esta é a história de Domenico Trovatelli, o lobisomem mais velho do mundo. Enquanto se prepara para sua última transformação em um convento no interior de Minas Gerais, Nico conta sua história. Uma história de espada e magia, sangue e flores, lealdade e amor.

Quem leu Lobo de Rua, também escrito pela Janayna, certamente ficou com aquela vontade de saber um pouquinho mais sobre o universo que ela criou e o que está por trás da Galeria Creta. Sombras chega em uma boa hora, pronto para saciar (rapidamente) a sede dos leitores brasileiros.

Curtinho, com apenas 50 páginas, o livro nos joga em uma região de Minas Gerais prestes a receber uma reunião de lobisomens. Um deles, Domenico Trovatelli, apenas aguardando a próxima lua cheia para dar adeus aos seus amigos de longa data e encerrar uma vida repleta (!) de histórias.


E que histórias, desbravadores! Você achava que o famoso rei Artur já havia nascido com o dom para liderar? Pois enganou-se totalmente! É sobre ele e seus encontros que Domenico conta enquanto a narrativa avança e nem vejo as páginas passarem. Ao final, queria saber mais e mais, já que lobisomens durante a Idade Média é um tema que me faria ler por muitas horas sem parar.

Entre os membros da reunião, temos a presença do inigualável Tito, um italiano já bem conhecido dos leitores da série e um personagem sempre ímpar quando aparece. Lembro até hoje de uma das atitudes que ele teve que tomar no conto anterior. Leiam o quanto antes e descobrirão.

Acompanhar os momentos finais do lobisomem mais velho do mundo também deixará os leitores com água na boca, já que os relatos das refeições tipicamente mineiras são sublimes. Não leia antes do almoço! Um dia visitarei Minas Gerais, é claro, só para provar a tal de leitoa à pururuca.

Fica aí mais uma recomendação de fantasia nacional para você desbravar. Tá muito bem aprovado!

Avaliação final:

A Galeria Creta:

Livro 0.5 - Lobo de Rua
Livro 1 - A Galeria Creta (2016)
...
Extras - Sombras
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