26 de mai. de 2016

Resenha: Sombras - Jana P. Bianchi

Título: Sombras
Série: A Galeria Creta
Autora: Jana P. Bianchi
Páginas: 50
Editora: Independente (maio de 2016)

Sinopse: Um lobisomem pressente quando vai morrer. Esta é a história de Domenico Trovatelli, o lobisomem mais velho do mundo. Enquanto se prepara para sua última transformação em um convento no interior de Minas Gerais, Nico conta sua história. Uma história de espada e magia, sangue e flores, lealdade e amor.

Quem leu Lobo de Rua, também escrito pela Janayna, certamente ficou com aquela vontade de saber um pouquinho mais sobre o universo que ela criou e o que está por trás da Galeria Creta. Sombras chega em uma boa hora, pronto para saciar (rapidamente) a sede dos leitores brasileiros.

Curtinho, com apenas 50 páginas, o livro nos joga em uma região de Minas Gerais prestes a receber uma reunião de lobisomens. Um deles, Domenico Trovatelli, apenas aguardando a próxima lua cheia para dar adeus aos seus amigos de longa data e encerrar uma vida repleta (!) de histórias.


E que histórias, desbravadores! Você achava que o famoso rei Artur já havia nascido com o dom para liderar? Pois enganou-se totalmente! É sobre ele e seus encontros que Domenico conta enquanto a narrativa avança e nem vejo as páginas passarem. Ao final, queria saber mais e mais, já que lobisomens durante a Idade Média é um tema que me faria ler por muitas horas sem parar.

Entre os membros da reunião, temos a presença do inigualável Tito, um italiano já bem conhecido dos leitores da série e um personagem sempre ímpar quando aparece. Lembro até hoje de uma das atitudes que ele teve que tomar no conto anterior. Leiam o quanto antes e descobrirão.

Acompanhar os momentos finais do lobisomem mais velho do mundo também deixará os leitores com água na boca, já que os relatos das refeições tipicamente mineiras são sublimes. Não leia antes do almoço! Um dia visitarei Minas Gerais, é claro, só para provar a tal de leitoa à pururuca.

Fica aí mais uma recomendação de fantasia nacional para você desbravar. Tá muito bem aprovado!

Avaliação final:

A Galeria Creta:

Livro 0.5 - Lobo de Rua
Livro 1 - A Galeria Creta (2016)
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Extras - Sombras

20 de mai. de 2016

Resenha: Questions for a Soldier - John Scalzi


Título: Questions for a Soldier
Original: Questions for a Soldier
Série: Guerra do Velho/Old Man's War #1.5
Autor: John Scalzi
Páginas: 28
Editora: Subterranean Press (setembro de 2011)

Sinopse: Captain John Perry, in Old Man's War, did a goodwill tour of the colonies after the Battle of Coral. This is the Q&A session from one of those stops, on the colony world of New Goa. There's no story here, really; just the back-and-forth between a combat veteran and some of the civilians the Colonial Defense Forces are defending—who have a variety of views of the CDF, the fact that it's composed entirely of old folks from Earth (colonists cannot enlist), and the perpetual state of war between humans and most other intelligent species they're in contact with.

Essa resenha contém spoilers de Guerra do Velho.

Questions for a Soldier é um livrinho curtinho (menos de 30 páginas) que se passa alguns meses após os acontecimentos de Guerra do Velho. John Perry mostrou ser um excelente combatente e subiu rapidamente nas fileiras do exército das Forças Coloniais de Defesa. Agora uma de suas missões é fazer tours por alguns dos planetas já colonizados e explicar o papel da União Colonial nisso tudo.

A leitura é bem rapidinha, com John Perry sendo apresentado por um entrevistador e algumas das pessoas na plateia fazendo perguntas a ele sobre assuntos dos mais variados interesses, como o que é ser um soldado das FCD, o que foi feito com seu corpo para ele voltar a ser jovem novamente, o que John Perry pensa a respeito das guerras contras as raças alienígenas, entre outras coisas.

Nosso protagonista também conta a respeito de alguns perrengues que passou durante uma de suas missões, quando foi atacado por vermes gigantes (que me lembraram muito do cenário de Duna, série do autor Frank Herbert) capazes de alterar facilmente todo o equilíbrio de um ecossistema.


Importante perceber que alguns colonistas não estão exatamente felizes com o modo de vida nos seus novos planetas. Como já mencionado em Guerra do Velho, os habitantes são provenientes dos países considerados de terceiro mundo lá na Terra, principalmente das regiões do Oriente Médio e África, enquanto os combatentes das FCD são predominantemente americanos, o que acaba gerando certo desconforto em alguns momentos. Nada que a língua afiada e o bom humor do nosso John Perry não resolvam ao responder as perguntas feitas pelo público presente, mesmo ao ser confrontado com acusações de que a estrutura das FCD é extremamente racista e totalitarista.

Questions for a Soldier é aquele tipo de livro que todo leitor que deseja saber ainda mais sobre uma série que gosta deveria ler, pois contém informações úteis e que complementam as já apresentadas no livro #1 da saga, Guerra do Velho. Fã que é fã nunca está satisfeito e sempre quer mais. ;)

Avaliação:

Guerra do Velho:

Livro 1 - Guerra do Velho
Livro 1.5 - Questions for a Soldier
Livro 2 - The Ghost Brigades
Livro 2.5 - The Sagan Diary
Livro 3 - The Last Colony
Livro 4 - Zoe's Tale
Livro 4.5 - After the Coup
Livro 5 - The Human Division
Livro 6 - The End of All Things

19 de mai. de 2016

Resenha: Guerra do Velho - John Scalzi


Título: Guerra do Velho
Original: Old Man's War
Série: Guerra do Velho/Old Man's War #1
Autor: John Scalzi
Páginas: 368
Editora: Aleph (abril de 2016)

Sinopse: A humanidade finalmente chegou à era das viagens interestelares. A má notícia é que há poucos planetas habitáveis disponíveis – e muitos alienígenas lutando por eles. Para proteger a Terra e também conquistar novos territórios, a raça humana conta com tecnologias inovadoras e com a habilidade e a disposição das FCD - Forças Coloniais de Defesa. Mas, para se alistar, é necessário ter mais de 75 anos. John Perry vai aceitar esse desafio, e ele tem apenas uma vaga ideia do que pode esperar.

O que você faria se tivesse a opção de se alistar no exército aos 75 anos e voltar a ser jovem de novo? É uma ideia no mínimo tentadora, correto? E foi pensando nisso que o protagonista de Guerra do Velho, John Perry, decide se juntar às Forças Coloniais de Defesa (FCD) ao chegar nessa idade.

Uma decisão que a princípio parece fácil, já que você terá um corpo novinho em folha, habilidades aprimoradas, entre tantas outras vantagens, mas tudo isso tem um preço: você será considerado morto na Terra, renegando todos os seus bens e heranças, além de assinar um contrato de (pelo menos) 2 anos com as FCD, que pode ser ampliado para 10 míseros aninhos em caso de guerra com outras raças no espaço. O que não é difícil de acontecer, como podemos notar em poucos capítulos.

Old Man's War, por Donato Giancola

Outra questão muito importante que ronda essa escolha de se juntar ao exército são as próprias Forças Coloniais de Defesa. Ninguém sabe absolutamente NADA sobre elas, o que exatamente fazem, como são tão evoluídas tecnologicamente, enfim, um segredo atrás de outro. Somente estando lá dentro para obter as respostas. Isso se você não for morto por algum alien antes disso.

John Perry perdeu sua esposa há alguns anos e não hesitou em alistar-se, tornando-se assim o protagonista dessa história. As primeiras semanas a bordo de uma nave espacial são bem variadas, começando com a descoberta de como é possível ser jovem novamente e as inúmeras vantagens por trás disso, passando por novas amizades com os Velharias (como eles próprios quiseram se chamar), até o início dos (árduos) treinamentos para ser um verdadeiro soldado das FCD. Tudo isso regado a muito humor em praticamente todas as páginas, o que faz a leitura fluir mais que naturalmente.

“Damn real live people, getting in the way of peaceful ideals.”

Os personagens secundários são parte importante da trama, apesar de ter achado que alguns deles tiveram seus destinos selados de uma maneira muito rápida. Nada que atrapalhe, no entanto.

Quando é chegada a hora de realmente descobrir como é ser um combatente em outros planetas, questões como honra, respeito, e até a dúvida sobre ainda ser humano ou não vêm à tona, evidenciando um cuidado do autor em abordar esses temas da maneira mais realista possível. São pequenas coisas como essa que me atraem para uma obra, e Guerra do Velho está cheio disso!

Engineered human versus a Consu, por Shawn Witt

Os momentos de ação, sempre frenéticos e tensos, combinados com as importantes e intrigantes informações sobre as raças alienígenas presentes no universo, dão uma dinâmica excelente à obra. Algumas dessas raças são extremamente inteligentes, a ponto de desenvolver sistemas de rastreamento inéditos, enquanto outras parecem estar envolvidas em uma espécie de cruzada religiosa sem precedentes enquanto realizam seus ataques às colônias humanas da União Colonial.

Outras realizam rituais meio macabros antes de iniciar as batalhas. Coisa de bicho doido, só pode.

Ao sermos apresentados à personagem Jane Sagan (gravem esse nome), já é possível termos uma amostra do que as Brigadas Fantasma (Ghost Brigades) são capazes de fazer durante uma batalha. O título do 2º livro é justamente esse, então já estou bem ansioso para botar as mãos nele e desbravar ainda mais dessa série. John Scalzi é de fato um daqueles caras que escrevem muito bem.

“I'm going to go pee. If the universe is bigger and stranger than I can imagine, it's best to meet it with an empty bladder.”

Li a versão em inglês desse livro, mas pelo que vi em outras resenhas por aí, a tradução da obra, feita pelo Petê Rissatti, ficou muito boa. Sem contar que essa capa da Aleph é muito bonita!

Guerra do Velho é a melhor leitura de 2016 até aqui. Nem precisava dizer muito mais que isso pra recomendar o livro a vocês, mas para aqueles que estão procurando um protagonista show de bola, guerras espaciais e bons momentos de ação, esse lançamento da Aleph é o que mais promete.

Avaliação:


Guerra do Velho:

Livro 1 - Guerra do Velho
Livro 1.5 - Questions for a Soldier
Livro 2 - The Ghost Brigades
Livro 2.5 - The Sagan Diary
Livro 3 - The Last Colony
Livro 4 - Zoe's Tale
Livro 4.5 - After the Coup
Livro 5 - The Human Division
Livro 6 - The End of All Things

8 de mai. de 2016

Resenha: O Teatro da Ira - Diego Guerra

Título: O Teatro da Ira
Original: O Teatro da Ira
Série: Chamas do Império #1
Autor: Diego Guerra
Páginas: 360
Editora: Draco (janeiro de 2016)

Sinopse: Basta uma faca para começar uma guerra. Jhomm Krulgar é um ninguém. Um rato de estrada. Um cachorro vadio. Um mastim demoníaco. Sua espada está a venda para qualquer um com moedas no bolso e objetivos escusos. Quando uma garota surge prometendo a riqueza de um rei e a realização dos seus desejos de vingança, ele nem imagina que está prestes a se envolver em um dos mais perigosos jogos políticos de sua era. Agora, ele e Khirk, seu companheiro silencioso, membro de uma antiga raça escrava, partem para o Sul, onde tentarão impedir os rebeldes separatistas de tomar a coroa da maior cidade do Império de Karis. Encontrarão em seu caminho um Magistrado em missão de paz e um mago ilusionista prestes a realizar o maior espetáculo da sua vida. O Teatro da Ira, primeiro romance da série Chamas do Império, de Diego Guerra, é uma viagem fantástica onde criaturas místicas e soldados comuns lutam lado a lado nas paredes de escudo, implorando pela própria vida e alimentando as fogueiras da morte para fazer valer as vontades de reis e nobres. Enquanto Krulgar busca cegamente a sua vingança, não faz ideia de que se tornou apenas mais um dos personagens sombrios deste Teatro da Ira.

Apostando novamente em um livro de fantasia nacional, dei de cara com essa capa fodona de O Teatro da Ira nas minhas pesquisas por aí e decidi ler o quanto antes. Dez dias depois, cá estou eu fazendo mais uma resenha, escolhendo as melhores palavras para recomendar o livro aos leitores.

A história concentra-se em Karis, onde o seu atual imperador Arteen II tenta conter a ameaça dos homens do norte. Ao mesmo tempo, no sul, mais precisamente na região de Illioth, rumores de uma rebelião começam a se espalhar, acirrando os ânimos e antecipando tempos de guerra.

Logo no primeiro capítulo somos apresentados a Jhomm Krulgar, um dos protagonistas da série. Perseguido por monges após um assassinato e acompanhado por alguns cães, Krulgar é gravamente ferido e, antes que seja morto, salvo por um estranho com tatuagem negra sobre o olho direito, que depois descobrimos ser Khirk, um dhäen, membro de uma antiga raça escrava que foi libertada pelo Império 20 anos atrás, mas que ainda sofre abusos em diversas regiões de Karis. Sua libertação não foi bem aceita em todos os lugares do continente, principalmente no Sul, ao redor de Illioth.

Um fato interessante a respeito dos dhäeni é a sua estreita relação com a música, onde todos dizem ser parte da "Grande Canção", uma força que rege o mundo para que suas vontades sejam realizadas. Esse tipo de magia pode ser usado para cura, crescimento e fortalecimento das pessoas, além de trazer tranquilidade e outras coisas, ajudando naqueles momentos de maior necessidade.


Krulgar levará sua vida destinado a ter vingança pelo que fizeram com a sua amiga Liliah, cujos detalhes macabros vamos descobrindo aos poucos. No seu caminho encontrará Thalla, filha de um importante mercador envolvido em todos os tipos de negócios. Ela tem a habilidade de entrar nos sonhos das outras pessoas, o que acaba fazendo com bastante frequência enquanto procura uma maneira de impedir a iminente rebelião sulista. É uma personagem para se ficar de olho.

Grahan, um magistrado em (aparente) missão de paz, e Ethron, um coen (mago ilusionista), também darão as caras no decorrer dos capítulos, mostrando aos leitores diferentes pontos de vistas sobre o que acontece em Karis. Diversos tipos de criaturas também são mencionados ao longo da narrativa, como ladrões de vidas, trolls, entre tantos outros. Se eles aparecerão? Leia e descubra! :)

O autor também teve o cuidado de criar uma nomenclatura própria para títulos de senhores, raças existentes e nações presentes na história, o que acaba deixando o leitor meio confuso nas primeiras páginas, mas vamos nos acostumando facilmente aos nomes conforme as páginas vão sendo viradas.


O Teatro da Ira é narrado em 3ª pessoa, pelo ponto de vista de vários personagens diferentes, o que deixa tudo ainda mais interessante, já que todos pensam e agem de maneira totalmente diferente.

O desfecho deixará o leitor ansiando por mais e mais, querendo saber o destino de alguns protagonistas e as consequências dos acontecimentos mirabolantes dos últimos capítulos. Certamente lerei os outros livros do autor e demais contos que aparecerem pelo caminho!

Com uma escrita bem direta, sem enrolação, misturando momentos de ação pura e ferrenhas intrigas políticas, deixo a indicação desse livro para todos aqueles leitores que são fãs d'As Crônicas de Gelo e Fogo e da trilogia A Primeira Lei. Vocês encontrarão muitos elementos em comum enquanto desbravarem O Teatro da Ira, melhorando ainda mais a sua experiência de leitura. ;)

Avaliação:

Chamas do Império:

Livro 1 - O Teatro da Ira
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