19 de fev. de 2017

Resenha: O Poderoso Chefão - Mario Puzo

Título: O Poderoso Chefão
Original: The Godfather
Autor: Mario Puzo
Páginas: 518
Editora: Record (2013)

Sinopse: O submundo da Máfia e o talento literário de Mario Puzo ganharam notoriedade com a publicação de O Poderoso Chefão. O carisma de Don Vito Corleone encanta na mais perfeita reconstituição da vida e dos negócios das famílias mafiosas de Nova York. Apesar de implacável, Don Vito é, essencialmente, um homem justo. Padrinho benevolente, nada recusa aos seus afilhados: conselho, dinheiro, vingança e até mesmo a morte de alguém. Em troca, o poderoso chefão pede apenas o respeito e a amizade de seus protegidos. Mas ninguém pode vencer as trapaças da idade. Quando seus inimigos atacarem juntos e tudo que a família Corleone significa estiver por um fio, o velho Corleone terá de escolher, entre seus filhos,um sucessor à altura. Um mundo de intrigas e decisões cruéis habilmente construído por Mario Puzo.

Finalmente tive a chance de ler a aclamada obra do autor Mario Puzo. E nunca me arrependerei.

Logo no primeiro capítulo somos apresentados ao homem que dá vida ao título do livro. Don Vito Corleone é O Padrinho, o negociador, o estrategista, a mente por trás da vinda da família Corleone à América depois de complicações na Sicília, uma ilha italiana dominada pela Máfia na primeira metade do século XX. Durante o casamento de sua filha Connie, percebemos de cara a influência que o Don tem no meio da sociedade. Ele não cobra nada quando seus "afilhados" vêm em busca de favores, apenas pede a sua amizade e que estejam à sua disposição quando precisar. Uma oferta irrecusável, uma lição que todos os leitores irão aprender, invariavelmente, durante a narrativa.

"O próprio Don Corleone não estava zangado. Aprendera havia muito tempo que a sociedade impõe afrontas que devem ser suportadas, confortadas pelo conhecimento de que neste mundo chega o momento em que o mais humilde dos homens, se conservar os olhos abertos, pode vingar-se do mais poderoso."

Quando os inimigos da família Corleone decidem tomar uma atitude drástica, o futuro do império do Don fica ameaçado. Será que algum dos seus filhos será capaz de assumir o seu lugar quando for necessário? Os três herdeiros Sonny, Freddie e Michael têm personalidades completamente distintas e que lhes favorecem em algumas situações, ao mesmo tempo em que podem ser fatais em outras.

Os ensinamentos de Don Vito Corleone estão presentes em todos os momentos, e esse é um cara que merece o respeito que tem, conquistado com trabalho duro e muita inteligência na hora de fechar negócios e proteger a sua família. Aliás, pensando no lado familiar, eu como descendente de italianos por parte de pai e mãe, fica impossível não gostar desse mito. Que homem, meus amigos!


Os pontos de vista apresentados na história são bem variados, com personagens de características próprias e vidas que acabam conectadas à do Padrinho, fazendo com que todos os capítulos sejam interessantes e tenham algo a mais para acrescentar. Nada está ali apenas por um mero acaso.

Anos após o lançamento de The Godfather e da sua obra ser bem recebida pela crítica, o autor Mario Puzo foi acusado de ser um membro da Máfia, tamanha a veracidade das informações contidas no seu livro. O retrato de como viviam as famílias da máfia italiana em Nova York foi tão bem feita que as pessoas começaram a desconfiar de um possível envolvimento do autor com os mafiosos. De um modo ou de outro, esse foi considerado um "prêmio" pela qualidade de sua escrita.

"Vários rapazes começavam trilhando uma trajetória para chegar ao seu verdadeiro destino. O tempo e a sorte geralmente os punham no caminho certo."

Aliás, o retrato da época é bem feito, com temas como racismo, abusos com a mulher e a pressão da sociedade em pauta da primeira à última página, além do preconceito dos mafiosos com alguns tipos de funções, como os advogados e os policiais, que só estariam ali para atrapalhar a sua vida.

O trabalho de pesquisa de Puzo foi fundamental para que a obra se perpetuasse até os dias de hoje.

Mesmo tendo sido lançado em 1969, não considerei a narrativa em 3ª pessoa de O Poderoso Chefão lenta em momento algum, muito ao contrário, parece até que Mario Puzo é aquele avô nosso que junta todos os netos para contar uma história de sua infância e das aventuras que teve o prazer de vivenciar. Tudo que um bom livro precisa está ali, só aguardando pelos olhos aguçados de um leitor.

Agora posso dizer, sem sombra de dúvidas, que esse livro entrou para a minha seleta lista de favoritos da vida inteira. A construção de Don Vito Corleone, sua trajetória da infância até o auge, a forma como ela é narrada, simplesmente incrível, digna de nota máxima nas minhas avaliações!

Eu lhe farei uma oferta que ele não poderá recusar.

Pensando um pouco sobre a tradução literal do título, de The Godfather para O Padrinho, acredito que a escolha brasileira de colocar O Poderoso Chefão foi acertada. A não ser que a qualidade da obra fosse intensamente divulgada, dificilmente eu, por exemplo, compraria um livro com um título simples como "O Padrinho". Não seria algo que me chamasse atenção nas livrarias. O escolhido pela editora Record ficou de acordo com a obra e correspondeu às expectativas, eu diria.

Já em relação à versão digital que eu li pelo Kindle, não tenho praticamente nada a reclamar, talvez um errinho mínimo aqui e ali que passou pela revisão, mas o resto está impecável.

Definitivamente um clássico 5 estrelas, recomendo demais MESMO, larguem tudo o que vocês estão fazendo/lendo no momento e partam para a leitura de O Poderoso Chefão! Qualidade garantida.

Avaliação final:

4 de fev. de 2017

Resenha: A Ascensão da Sombra - Robert Jordan

Título: A Ascensão da Sombra
Original: The Shadow Rising
Série: A Roda do Tempo/The Wheel of Time #4
Autor: Robert Jordan
Páginas: 992
Editora: Intrínseca (agosto de 2015)

Sinopse: Os lacres de Shayol Ghul enfraquecem, e o Tenebroso avança. A sombra se ergue para encobrir definitivamente a humanidade. Em Tar Valon, Min tem visões de um destino terrível. Será o fim da Torre Branca? Em Dois Rios, os Mantos-brancos caçam o homem de olhos dourados e o Dragão Renascido. Em Cantorin, junto ao povo do mar, A Grã-lady Suroth vislumbra o retorno dos exércitos Seanchan ao continente. Enquanto na Pedra de Tear, o Lorde Dragão planeja seu próximo passo e ninguém será capaz de prevê-lo. Nem a Ajah Negra, os nobres tairenos ou as Aes Sedai, nem mesmo Egwene, Elayne e Nynaeve. Declarado o escolhido da antiga profecia, Rand al'Thor, o Dragão Renascido, precisa seguir em frente e cumprir seu destino: proteger o mundo do retorno do Tenebroso. Em A Ascensão da Sombra, Jordan imprime ainda mais suspense à série trazendo uma ameaça até então desconhecida à cidade de Tar Valon, lar das poderosas Aes Sedai. Mergulhados no perigo constante representado pelos Mantos-brancos, os Amigos das Trevas e os Trollocs, entre outros inimigos mortais, ninguém está seguro de qual rumo seguir. Movimentos profundos e inesperados que fazem de A Roda do Tempo uma das mais extraordinárias séries já escritas.

Essa resenha contém alguns spoilers dos livros anteriores.

Continuando com a minha relação de amor e ódio com A Roda do Tempo, resolvi desbravar A Ascensão da Sombra logo no começo de 2017, assim me liberando da minha "meta" de ler um livro da série por ano. Isso levará 14 anos, é claro, mas parece ser o melhor jeito de EU aproveitar o que ela tem a oferecer. A escrita do Robert Jordan é BEM enrolona em vários momentos, então eu normalmente revezo um livro dele com algum de outra série para balancear melhor as narrativas.

Focando no que interessa, nesse volume somos apresentados à Ajah Negra, um ramo das Aes Sedai que foi corrompido pela Sombra e deseja capturar o Dragão Renascido Rand al'Thor, que agora possui Callandor. Após a queda de Tear, Rand começa a assumir (finalmente) o papel que lhe pertence: ser a pessoa que salvará ou destruirá o mundo. Fiquei feliz em ver que o Rand parou de choramingar e resolveu tomar as rédeas da coisa. Os capítulos dele são os que mais gosto de ler.

— Ele só está tentando encontrar o próprio caminho. Homem nenhum gosta de correr às cegas sabendo que há um penhasco em algum ponto à frente.

Quando praticamente todos os protagonistas são obrigados a se separar, percebemos o nível da ameaça que assola o mundo. Forças das Sombras começam a atacar de todos os lados, seja em Dois Rios, seja lá no Deserto Aiel, seja lá na planície Taraboniana. A treta é muito real, meus amigos.

Army of the Shadows, by Gorgaidon

Ao que me pareceu, alguma conspiração Seanchan está a caminho. Ficarei de olho nas sequências.

Um dos ta'veren com mais destaque nesse livro é com certeza Perrin Aybara, agora chamado de "Olhos-Dourados" e alvo da perseguição dos Mantos-brancos. Ao saber que Trollocs e Desvanecidos estão perto de Dois Rios e ameaçando a sua família e as de seus amigos, ele decide sair um pouco de perto de Rand e procurar seu próprio destino. Numa jornada de auto-conhecimento e testando os seus limites, Perrin precisa assumir o posto de líder que lhe pertence e lidar com as consequências.

Já Rand começa a perceber as jogadas políticas que envolvem a sua caminhada. Ao contrário do anonimato da sua vida como pastor, agora ele atrai olhares por todos os lugares que passa, e nem todos são amistosos. Para seguir as profecias, precisa tornar-se Aquele Que Vem Com A Aurora e liderar o perigoso povo Aiel contra o Tenebroso. Será que todos os lutadores do Deserto o seguirão?

— Uma coisa é saber que a profecia um dia será cumprida — respondeu o chefe de clã, medindo as palavras — outra é ver isso acontecendo bem diante dos próprios olhos.
He Who Comes With The Dawn, by Webcomicfan

Mat também o acompanha nessa jornada e recebe um "presente" durante a visita deles à Rhuidean.

Egwene al'Vere, instruída por Sábias Aiel, começa outro treinamento, agora para se tornar uma Sonhadora, a primeira desde algumas centenas de anos. Suas jornadas pelo mundo dos sonhos a deixarão em contato com Nynaeve e Elayne, suas amigas, que junto de Thom Merrilim e Juilin Saidar, vão para Tanchico desvendar os planos das mulheres da Ajah Negra e tentar impedi-las.

A primeira metade do livro é bem "lenta", mas importante para entendermos o que acontece nos capítulos seguintes. Segredos do passado Aiel são revelados e não muito bem aceitos, assim como as teias tramadas pelos Abandonados começam a aparecer. Sua influência na sociedade aumenta, mesmo que imperceptível às vezes, e o resultado disso provavelmente veremos nos próximos 10 livros da série. Os momentos em que eles aparecem costumam ser os mais tensos da narrativa.

Em A Ascensão da Sombra conhecemos várias localidades que não haviam sido mostradas nos livros anteriores, e o "novo" é sempre intrigante. Que segredos e armadilhas cada lugar nos reserva?

As últimas 100-150 páginas do livro são bem frenéticas, e foram elas que me fizeram dar uma nota alta para essa obra. A história criada por Robert Jordan realmente começa a tomar proporções bem maiores a partir daqui, e eu certamente seguirei o Povo do Dragão para descobrir o que acontecerá.

Avaliação final:

A Roda do Tempo:

1º livro - O Olho do Mundo
2º livro - A Grande Caçada
3º livro - O Dragão Renascido
4º livro - A Ascensão da Sombra
5º livro - As Chamas do Paraíso
6º livro - Lord of Chaos
7º livro - A Crown of Swords
8º livro - The Path of Daggers
9º livro - Winter's Heart
10º livro - Crossroads of Twilight
11º livro - Knife of Dreams
12º livro - The Gathering Storm
13º livro - Towers of Midnight
14º livro - A Memory of Light
Livro extra - New Spring
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